domingo, 3 de agosto de 2008

Eu, Jack, confesso.

Desejo uma mulher. E tenho considerável temor ao afirmar isso. Desejo-a, no entanto. Discretamente, persigo-a com os olhos. Por conta de toda minha cautela, mal a vejo, mal a escuto, mal a sinto.

Como a desejo! Observei-a pouco em relação ao tanto que necessito. Ela é simplesmente, ardentemente, instigantemente, atraente. Não sou de descrever as mulheres como se faz usualmente: “uma gostosa deliciosa”, por exemplo; nem de ficar divagando em idealismos românticos, “uma pessoa perfeita”. Não sou um pervertido banal ou um adolescente idealizador das coisas mais triviais.

O que quero com ela, não consigo negar, é sexo. Talvez algumas vezes, em diferentes lugares, de variados jeitos. Eu a vejo todo dia! Na natação, onde é possível conhecer mais intimamente várias mulheres. Mas só ela tem se tornado quase uma obsessão. Seus braços, seus ombros, suas coxas, seus seios...

Sua lembrança me vem como um deleite. Irresistível, deliciosa, plena. E é casada! Quando soube até decidi mudar o horário, sou muitas coisas, porém, definitivamente, não sou um destruidor de lares.

Embora tenha decidido, não me esforcei muito para pôr em prática. Logo eu, o senhor que leva tão a sério suas decisões! Continuei a me encontrar com ela, o que é prazerosamente interessante.

Há algo nela que me torna compulsivo. Descontroladamente, deixo, com esperança, que o acaso nos aproxime. E sei que não vai aproximar, não pode, nada vai acontecer. Isso é tão desanimador, é pior que descobri-la lésbica ou sem sexo.

Desejo-a sedentamente. Tenho que fechar os olhos ao mirá-la, para que, por um arrepio, não seja descoberto. Ando, nado a centímetros dela, quase sinto seu cheiro. Ouço sua voz, mas não a descodifico. Nem de longe posso parecer interessado; não é do meu feitio.

E quando nos olhamos? Assim, sem querer? Uma aflição me faz mudar rápido o olhar. Ah, pudera eu ser invisível para poder esquadrinhar famintamente. Eu examinaria minuciosamente cada parte...

Um comentário:

Rafael Rolim disse...

Ei, cara, já ouviu falar em óculos escuros?